Musa vermelha
Vermelho
era o vestido
quando
rubriquei
nos
seus vermelhos lábios
os
meus, sedentos de méis.
Rubro-negros
os passos
daquele
tango
e
da própria noite.
E
foi essa noite
que
ela me pediu,
mas
eu, não contente,
tomei
sua vida toda.
E,
no clarescuro
de
um esconderijo do Planalto,
descobri
a seda
de
sua pele de açúcar.
Saboreei
sua doçura
mergulhei
nos segredos
do
seu corpo,
e,
na calma ambarina da madrugada,
não
sabia se era minha
ou
eu chumbara em sua magia.
Foi
parte do meu corpo
nessas
felizes danças;
foi
boneca viva dos meus lúbricos jogos;
mudou
minha senda
e
até meu endereço.
Virou
musa constante
dos
meus caprichos
e
desta dança
mais
do que infinita.
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