Musa vermelha
Vermelho era o vestido quando rubriquei nos seus vermelhos lábios os meus, sedentos de méis. Rubro-negros os passos daquele tango e da própria noite. E foi essa noite que ela me pediu, mas eu, não contente, tomei sua vida toda. E, no clarescuro de um esconderijo do Planalto, descobri a seda de sua pele de açúcar. Saboreei sua doçura mergulhei nos segredos do seu corpo, e, na calma ambarina da madrugada, não sabia se era minha ou eu chumbara em sua magia. Foi parte do meu corpo nessas felizes danças; foi boneca viva dos meus lúbricos jogos; mudou minha senda e até meu endereço. Virou musa constante dos meus caprichos e desta dança mais do que infinita.