Não se afaste, morena

Não se afaste, morena,
indo para o mar
onde o sal da vida
apaga a doçura do amor.
Talvez seja o meu temor
de que as rosas mostrem
sua semente salgada,
ou seja só o fantasma
do desencanto de não encontrar
doce sabor nas pétalas.
Mas, mesmo assim, não se afaste;
deixe as ondas banharem
seus pés sedentos de caminhos,
e deixe que eu deite na areia
e contemple suas costas de canela.
E, quando tiver certeza
de que você não é uma nuvem perfumada
de espuma do mar,
meus dedos, como peixes,
procurarão as ondas do seu cabelo,
e, se você me olhar,
eu prometo que não atuarei
nem farei nada para impressioná-la.
Já não quererei sua impressão,
mas a luz que não brota
no sal das pedras.
Não dançarei para você,
porque quero que você dance comigo,
e que suas mãos montem nas minhas
como cavalos de mar.
E já não pedirei que não se afaste, morena,
mas que chegue perto
para saborear suas pétalas,
mesmo amargas ou salgadas,
que eu beberei entre elas
a doçura do amor.


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